Já estamos na Quaresma, um tempo na vida, uma oportunidade para a vida.
A Quaresma avisa-nos de que Deus não Se conforma com a situação actual do
nosso mundo.
Deus não aposta na manutenção, mas na transformação. O que é dito a cada um
no início deste tempo santo («arrependei-vos») é repetido a todos os membros da
humanidade: «mudai de vida, de conduta, de paradigma».
Há uma sabedoria muito grande na proposta quaresmal. A mudança no mundo tem
de começar pela transformação de cada pessoa que existe no mundo.
Porque cada pessoa é, como dizia Gregório de Nissa, um «pequeno mundo», o
que se passar em cada homem repercutir-se-á no mundo inteiro. Daí o imperativo
de Gandhi: «Sê tu mesmo a mudança que queres para o mundo».
A Quaresma permite-nos ver que, afinal, somos uns permamentes nómadas. No
fundo, não somos. Tornamo-nos. Estamos sempre em viagem. Estamos sempre em
devir.
A questão que se coloca é se, nesta viagem, nos tornamos melhores. A
experiência não nos traz especiais novidades nem boas notícias.
É sabido que, por si mesma, a inércia nada resolve. Tudo tem de radicar na
vontade, na opção.
A Quaresma é um imperativo de reflexão.
O ambiente de recolhimento, próprio da Quaresma, não é somente uma ajuda à
meditação pessoal. É igualmente uma oferta de sentido.
A reflexão ajudar-nos-á a ver como é que tem sido a nossa conduta em
relação a Deus e em relação ao próximo. Jesus fala-nos de Deus como Pai e
do ser humano como Irmão.
No fundo de nós, acolhamos o melhor que Deus semeou no mundo e nas pessoas.
Demos uma oportunidade à vida. Procuremos escovar a poeira do
egoísmo que nos infecta. Conjuguemos o verbo dar na forma
transitiva, mas sobretudo na forma reflexa. Ou seja, demos algo de nós e
aprendamos a darmo-nos a nós!
Não nos resignemos ao que somos. Tornemo-nos melhores pessoas, mais
tolerantes, mais fraternas, mais humanas, mais felizes!
João Teixeira
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