A palavra crise tem ecoado cada vez mais pelas ruas e pelas
várias famílias portuguesas. Consequente e involuntariamente acaba por estar
presente nas nossas rotinas e no nosso pensamento, constituindo uma crescente
preocupação nos dias correntes.
Os meios de
comunicação transportam-na de tal forma, que onde quer que estejamos, somos
invadidos por toneladas de notícias que, de uma maneira ou de outra, acabam por
nos abalar. O leque de efeitos é vasto, sendo importante revelar que muitos são
de foro psicológico. A inevitável verdade é que esta crise financeira tem
originado grandes consequências para a saúde mental do ser humano.
O efeito
mais abordado tem sido a depressão, mas até ao surgimento desta há um progressivo
caminho de pensamentos negativos. Na pior das hipóteses, fala-se em suicídio ou
no consumo descontrolado de drogas. Contudo, os efeitos psicológicos podem
enquadrar-se num quadro clínico de menor gravidade, não se devendo desvalorizar
por isso o seu impacto. As pessoas têm vindo a alterar as suas expectativas,
como também os seus planos futuros, o que demonstra um elevado nível de
insegurança. Começam por inibir alguns comportamentos, pensando no futuro de
forma disfórica, e acabam por viver o dia-a-dia com grande ansiedade.
A auto-estima é extremamente
afectada, sobretudo quando falamos em desemprego. O sentimento de culpa também
nos atinge, na medida em que muitos de nós desenvolvemos estilos de vida que
pouco visaram o dia de amanhã ou a possibilidade de algumas regalias chegarem
ao fim.
Para
ultrapassar todas estas adversidades, os indivíduos devem ser resilientes, isto
é, devem ser capazes de superar os obstáculos, respondendo a eles de forma
saudável e produtiva. Esta habilidade poderá ser essencial na gestão e na transposição
da crise, na medida em que constituirá uma adaptação positiva ao sistema.
A saúde mental depende desta capacidade,
devendo-se encarar o trabalho e a vida pessoal de uma forma construtiva. A
crise impede-nos muitas vezes de pensar produtivamente, o que dificulta a nossa
interpretação da realidade. As pessoas deviam saber tirar proveito de todas as
mudanças que estão a ocorrer, mesmo que numa primeira instância seja complicado
descobrir o lado positivo das situações.
A
resiliência pode ser construída através do desenvolvimento da confiança que
temos em nós mesmos, da procura contínua pelo melhor e de atitudes mais
proactivas.
As medidas de prevenção passam
sobretudo por educar os mais novos a poupar, mostrando-lhes que muitas vezes
não podemos adquirir tudo aquilo que queremos. Contudo, não deve ser essa
impossibilidade a travar os sonhos das pequenas crianças, devem sim aprender a
aceitar as adversidades que muitas vezes surgem. De uma forma mais geral, serão
importantes reformas na educação e, consequentemente, na forma como as pessoas
encaram os seus problemas e o seu futuro. O futuro não deve ser observado de
forma temerosa e as expectativas não devem baixar drasticamente.
Um outro aspecto poderá ser a
fomentação do espírito de iniciativa, o que permitirá abortar os pensamentos
negativos e repensar num futuro mais promissório.
Mariana Ambrósio
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