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sábado, 30 de março de 2013

A psicologia da crise


A palavra crise tem ecoado cada vez mais pelas ruas e pelas várias famílias portuguesas. Consequente e involuntariamente acaba por estar presente nas nossas rotinas e no nosso pensamento, constituindo uma crescente preocupação nos dias correntes.
            Os meios de comunicação transportam-na de tal forma, que onde quer que estejamos, somos invadidos por toneladas de notícias que, de uma maneira ou de outra, acabam por nos abalar. O leque de efeitos é vasto, sendo importante revelar que muitos são de foro psicológico. A inevitável verdade é que esta crise financeira tem originado grandes consequências para a saúde mental do ser humano.
            O efeito mais abordado tem sido a depressão, mas até ao surgimento desta há um progressivo caminho de pensamentos negativos. Na pior das hipóteses, fala-se em suicídio ou no consumo descontrolado de drogas. Contudo, os efeitos psicológicos podem enquadrar-se num quadro clínico de menor gravidade, não se devendo desvalorizar por isso o seu impacto. As pessoas têm vindo a alterar as suas expectativas, como também os seus planos futuros, o que demonstra um elevado nível de insegurança. Começam por inibir alguns comportamentos, pensando no futuro de forma disfórica, e acabam por viver o dia-a-dia com grande ansiedade.
A auto-estima é extremamente afectada, sobretudo quando falamos em desemprego. O sentimento de culpa também nos atinge, na medida em que muitos de nós desenvolvemos estilos de vida que pouco visaram o dia de amanhã ou a possibilidade de algumas regalias chegarem ao fim.
            Para ultrapassar todas estas adversidades, os indivíduos devem ser resilientes, isto é, devem ser capazes de superar os obstáculos, respondendo a eles de forma saudável e produtiva. Esta habilidade poderá ser essencial na gestão e na transposição da crise, na medida em que constituirá uma adaptação positiva ao sistema.
             A saúde mental depende desta capacidade, devendo-se encarar o trabalho e a vida pessoal de uma forma construtiva. A crise impede-nos muitas vezes de pensar produtivamente, o que dificulta a nossa interpretação da realidade. As pessoas deviam saber tirar proveito de todas as mudanças que estão a ocorrer, mesmo que numa primeira instância seja complicado descobrir o lado positivo das situações.
            A resiliência pode ser construída através do desenvolvimento da confiança que temos em nós mesmos, da procura contínua pelo melhor e de atitudes mais proactivas.

           
As medidas de prevenção passam sobretudo por educar os mais novos a poupar, mostrando-lhes que muitas vezes não podemos adquirir tudo aquilo que queremos. Contudo, não deve ser essa impossibilidade a travar os sonhos das pequenas crianças, devem sim aprender a aceitar as adversidades que muitas vezes surgem. De uma forma mais geral, serão importantes reformas na educação e, consequentemente, na forma como as pessoas encaram os seus problemas e o seu futuro. O futuro não deve ser observado de forma temerosa e as expectativas não devem baixar drasticamente.
Um outro aspecto poderá ser a fomentação do espírito de iniciativa, o que permitirá abortar os pensamentos negativos e repensar num futuro mais promissório.



                                                                                                             Mariana Ambrósio
  

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