Faz de conta que
somos um país rico, de milionários, com pensões milionárias e salários
principescos, carros topo de gama, cartão de crédito, ajudas de deslocação e mais mordomias da classe política,
banqueiros, gestores públicos e afins. Mas também se faz de conta que o salário
mínimo dá para cobrir as despesas dos cidadãos que usufruem deste ordenado.
Será que estes podem ser designados por cidadãos, em conformidade com a Constituição
Portuguesa, isto é, no pleno gozo dos seus direitos? Será que têm de facto
acesso aos bens essenciais: saúde, habitação, emprego e bens alimentares.
Poderão estes custear a luz e a água?
Podemos ir mais longe no jogo do faz de conta. Ao longo de
anos criaram-se “malabarismos” para alcançar a reforma antes do período de
descontos para a Segurança Social, por incapacidade/ limitação física,
psicológica ou mental, também num jogo de faz de conta. As reformas antecipadas
por, faz de conta, ocuparem funções consideradas de maior risco para a vida,
outro privilégio legal. A fuga ao fisco, também faz de conta que foi um mero
lapso de contabilidade ou distração. E o preço está agora a ser pago, todos os
portugueses de uma forma direta ou indireta estão a suportar a fatura dos
desvarios dos governantes, das leis condescendentes, do peculato e da
corrupção, é certo, mas também do chico
espertismo português.
Não podemos continuar
a fingir que está tudo bem. Há que, de uma vez por todas, assumir que o Estado
não é uma entidade abstrata, mas que somos todos responsáveis pela condução dos
nossos destinos individual e coletivamente. O coletivo – o povo português -
merece melhor do que viver em suspenso sobre o seu futuro e limitar-se à
difícil sobrevivência dos dias de hoje, sem esperança em dias melhores. Mas
também tem que se consciencializar que o Estado Social, em iminente falência,
tem obrigação de cuidar dos cidadãos e de assegurar o seu bem-estar, mas os
cidadãos têm que cumprir a sua função social: produzir riqueza no país, o mesmo
é dizer trabalhar e cumprir os seus deveres. Não esqueçamos que em democracia
temos direitos e deveres. Só cumprindo as nossas obrigações, teremos direito a
exigir.
Dores do Carmo Cerveira Fernandes
Sem comentários:
Enviar um comentário