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segunda-feira, 8 de abril de 2013

O País do faz de conta



Faz de conta que somos um país rico, de milionários, com pensões milionárias e salários principescos, carros topo de gama, cartão de crédito, ajudas de deslocação e mais mordomias da classe política, banqueiros, gestores públicos e afins. Mas também se faz de conta que o salário mínimo dá para cobrir as despesas dos cidadãos que usufruem deste ordenado. Será que estes podem ser designados por cidadãos, em conformidade com a Constituição Portuguesa, isto é, no pleno gozo dos seus direitos? Será que têm de facto acesso aos bens essenciais: saúde, habitação, emprego e bens alimentares. Poderão estes custear a luz e a água?
Podemos ir mais longe no jogo do faz de conta. Ao longo de anos criaram-se “malabarismos” para alcançar a reforma antes do período de descontos para a Segurança Social, por incapacidade/ limitação física, psicológica ou mental, também num jogo de faz de conta. As reformas antecipadas por, faz de conta, ocuparem funções consideradas de maior risco para a vida, outro privilégio legal. A fuga ao fisco, também faz de conta que foi um mero lapso de contabilidade ou distração. E o preço está agora a ser pago, todos os portugueses de uma forma direta ou indireta estão a suportar a fatura dos desvarios dos governantes, das leis condescendentes, do peculato e da corrupção, é certo, mas também do chico espertismo português.
 Não podemos continuar a fingir que está tudo bem. Há que, de uma vez por todas, assumir que o Estado não é uma entidade abstrata, mas que somos todos responsáveis pela condução dos nossos destinos individual e coletivamente. O coletivo – o povo português - merece melhor do que viver em suspenso sobre o seu futuro e limitar-se à difícil sobrevivência dos dias de hoje, sem esperança em dias melhores. Mas também tem que se consciencializar que o Estado Social, em iminente falência, tem obrigação de cuidar dos cidadãos e de assegurar o seu bem-estar, mas os cidadãos têm que cumprir a sua função social: produzir riqueza no país, o mesmo é dizer trabalhar e cumprir os seus deveres. Não esqueçamos que em democracia temos direitos e deveres. Só cumprindo as nossas obrigações, teremos direito a exigir.
Dores do Carmo Cerveira Fernandes

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