Nos
últimos tempos, no contexto desta crise, muito se tem ouvido o conceito de empreendedorismo. Parece haver uma crença
comum que o empreendedorismo dá um ímpeto ao crescimento económico do país. Por
isso, achei pertinente abordar esta questão, encetando alguma pesquisa sobre o
assunto.
O conceito empreender, no dicionário, significa “resolver, praticar,
decidir-se, não obstante as dificuldades”. Partindo destes pressupostos, facilmente
se percebe que a atitude de empreender sempre pautou a ação do homem e possibilitou
a evolução e o progresso da humanidade, por isso não concordo com as teses que
afirmam o espírito empreendedor, como descoberta para a saída miraculosa desta
crise. Mas, este conceito pode ter outra definição, que me parece a mais
adequada nos dias de hoje, capacidade de inovar e de ser criativo.
Assim, as pessoas
necessitam de resolver, de tomar decisões e, tal como noutras situações de
crise, procurar soluções para os problemas, sem desistir, esta é atitude que
faz a diferença e que pode catapultar a sociedade e o país para o sucesso. A
crise pode, nesta perspetiva, ser entendida como oportunidade de criar ou necessidade
de resolver um problema. O empreendedorismo decorre de uma oportunidade de
negócio que é aproveitada, ou da falta de oportunidades e por isso, da
necessidade de criar a sua empresa.
A oportunidade pode também
surgir da necessidade, por exemplo, de criar o seu próprio emprego face à falta
de oportunidades aceitáveis. Há quem defenda que na base do empreendedorismo tem
que haver motivação forte, mais do que necessidade ou oportunidade. Segundo os
estudiosos, a capacidade empreendedora é composta por um potencial de
conhecimentos, capacidades (know how)
e motivação dos indivíduos em começar um novo negócio.
Mas uma pessoa com
argúcia e curiosidade pelo saber ou pelo saber-fazer, fundamentais ao progresso
e à resolução de problemas, como cientistas e inventores não poderão ser considerados
empreendedores? Não terá sido empreendedor Thomas Edison, um dos grandes precursores
da revolução tecnológica do século XX, inventor da lâmpada incandescente e
que registou cerca de 2300 patentes?
Dores do Carmo
Cerveira Fernandes
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