Este
governo não poupa nada nem ninguém, tenho alguma dificuldade em encontrar
sensibilidade social destes governantes. Os pensionistas, ao tomarem a decisão
de se aposentarem, fizeram contas à vida e sempre julgaram que estavam
salvaguardadas, com mais ou menos folga, as suas despesas.
São pessoas que
trabalharam e descontaram uma vida e, face ao natural desgaste, alcançaram o
direito de se retirarem da vida ativa e gozarem do merecido descanso, dando
oportunidade a outros, com maior energia e capacidade de inovar. Mas eis que
alguém lhes troca as voltas. A proposta da aplicação de uma taxa sobre as
pensões, como forma de garantir a sua sustentabilidade, revela, mais uma vez, a
alienação pelos cortes financeiros sem olhar a quem.
De repente, os idosos vêm-se numa situação
difícil, alguns sem conseguirem suportar as despesas, que por motivo de doença
se avolumaram. Já percebemos que o Estado Social está em falência, mas isto é
uma afronta aos mais vulneráveis. É uma medida inadmissível, no mínimo,
ignóbil.
Os políticos depressa
se esquecem daquilo que foi a sua bandeira em campanha e tudo é válido desde
que se mantenham na cadeira do poder. Não haverá outras alternativas para
diminuir as despesas do estado sem roubar aos pensionistas e aos funcionários
públicos, cerceando direitos do povo? Despedir trabalhadores da função pública,
como se fossem meros objetos descartáveis, será a única solução para diminuir
os encargos? As medidas propostas são indignantes.
Todos já antevemos que
a economia continuará sem crescimento à vista e, portanto, o desemprego
continuará a grassar no país, mas conseguiremos a tão almejada a reestruturação
financeira. Este é objetivo obsessivo dos tecnocratas que comandam a Europa. Se
não houver uma inversão da orientação, não conseguiremos aumentar o PIB, tal
não é possível sem estímulo ao investimento, sem consumidores e quase, ousaria
dizer, sem força anímica dos portugueses. Voltamos a ser um país de emigrantes,
de pobreza e de tristeza coletiva.
©Dores do Carmo
Cerveira Fernandes
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