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terça-feira, 7 de maio de 2013

+ Saúde - Enfarte do Miocárdio



Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, o número de óbitos por todas as causas de morte, em Portugal, no ano de 2011, correspondeu a 102 848 e, dessas mortes, 31 565 (30,7%) deveram-se a doenças do aparelho circulatório. Se pensarmos que uma das doenças do aparelho circulatório mais letal é o enfarte do miocárdio percebemos a sua relevância no contexto da saúde pública.
O enfarte ocorre quando a corrente sanguínea das artérias coronárias que irrigam o coração fica bloqueada. Esta obstrução geralmente deve-se a um coágulo que se constrói a partir de placas ateroscleróticas em consequência do excesso de colesterol no sangue. Como resultado, o músculo cardíaco já não recebe o oxigénio suficiente e as células do miocárdio destituídas de oxigénio começam a morrer. Consoante o tamanho da artéria bloqueada e o respetivo músculo cardíaco necrótico (morto), o enfarte é mais ou menos grave.
Falarei um pouco de cada um dos fatores de risco da doença coronária. Começando pela idade - está comprovado que a doença coronária é muito rara abaixo dos trinta e cinco anos de idade, e é a partir daí que a frequência de aparecimento vai aumentando progressivamente. O sexo - a incidência da doença é seis vezes maior nos homens do que nas mulheres devido ao papel protetor, das artérias coronárias, que os estrogénios (hormonas femininas) possuem. A hipercolesterolémia - como já tinha referido, a elevada concentração de colesterol no sangue favorece o aparecimento de placas ateroscleróticas que obstroem as artérias coronárias favorecendo o aparecimento da doença coronária. Também a hipertensão arterial - é um fator determinante, na medida em que as paredes das artérias estão preparadas para suportar uma determinada pressão. Por fim, o tabagismo - também ele um fator estreitamente relacionado com o aparecimento da doença, já que o fumo do tabaco possui um efeito tóxico direto sobre a parede interna das artérias e tende a lesioná-las. Não podemos menosprezar também o efeito de outros fatores como o stresse, o sedentarismo e obesidade, a diabetes, os antecedentes familiares de casos semelhantes, bem como, o uso de contracetivos orais.
O quadro clínico de enfarte desenvolve-se rapidamente e é geralmente imprevisível, acrescido o facto de que os sintomas da doença coronária são silenciosos. Especificamente, no enfarte a sintomatologia pode ser confundida com o quadro sintomatológico da angina de peito, no entanto a grande diferença é que na angina de peito a dor alivia com o repouso ou com medicamentos vasodilatadores como por exemplo a nitroglicerina, bem conhecida das pessoas com doença coronária. Também o fator desencadeante permite diferenciar as duas patologias, enquanto a angina de peito ocorre normalmente após um período intenso de esforço ou stresse o enfarte ocorre geralmente em repouso, sem fator desencadeante aparente. Assim a dor é o principal sintoma, no enfarte pode demorar desde trinta minutos a várias horas a desaparecer, é de intensidade variável: pode ser desde insuportável até um leve formigueiro em ambos os braços; e não alivia com o repouso. Outros sinais de alarme a ter em conta são a sensação de falta de ar (dispneia), sensação de morte iminente, instabilidade na marcha, suor frio, pele pálida e debilidade generalizada. 
Se a sintomatologia que referi durar mais de cinco minutos não hesite em ligar 112, irão aconselhá-lo e enviar o apoio adequado caso seja necessário. 

Apesar dos significativos avanços científicos no tratamento da doença coronária, responsáveis por um aumento da eficiência do tratamento e da qualidade de vida pós-reabilitação, o melhor meio de a combater é a prevenção. Não podemos esquecer que as doenças do coração podem ser fatais e o melhor remédio é prevenir. Essa prevenção passa pelo controlo dos fatores de risco que referi anteriormente, tais como, o excesso de colesterol no sangue, o consumo de tabaco, a obesidade, a hipertensão arterial e, não menos importante, o sedentarismo e o stress. 
Daniel Rodrigues

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