Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, o
número de óbitos por todas as causas de morte, em Portugal, no ano de 2011,
correspondeu a 102 848 e, dessas mortes, 31 565
(30,7%) deveram-se a doenças do aparelho circulatório. Se pensarmos que uma das
doenças do aparelho circulatório mais letal é o enfarte do miocárdio percebemos
a sua relevância no contexto da saúde pública.
O
enfarte ocorre quando a corrente sanguínea das artérias coronárias que irrigam
o coração fica bloqueada. Esta obstrução geralmente deve-se a um coágulo que se
constrói a partir de placas ateroscleróticas em consequência do excesso de
colesterol no sangue. Como resultado, o músculo cardíaco já não recebe o
oxigénio suficiente e as células do miocárdio destituídas de oxigénio começam a
morrer. Consoante o tamanho da artéria bloqueada e o respetivo músculo cardíaco
necrótico (morto), o enfarte é mais ou menos grave.
Falarei
um pouco de cada um dos fatores de risco da doença coronária. Começando pela idade
- está comprovado que a doença coronária é muito rara abaixo dos trinta e cinco
anos de idade, e é a partir daí que a frequência de aparecimento vai aumentando
progressivamente. O sexo - a incidência da doença é seis vezes maior nos homens
do que nas mulheres devido ao papel protetor, das artérias coronárias, que os
estrogénios (hormonas femininas) possuem. A hipercolesterolémia - como já tinha
referido, a elevada concentração de colesterol no sangue favorece o
aparecimento de placas ateroscleróticas que obstroem as artérias coronárias
favorecendo o aparecimento da doença coronária. Também a hipertensão arterial -
é um fator determinante, na medida em que as paredes das artérias estão
preparadas para suportar uma determinada pressão. Por fim, o tabagismo - também
ele um fator estreitamente relacionado com o aparecimento da doença, já que o
fumo do tabaco possui um efeito tóxico direto sobre a parede interna das
artérias e tende a lesioná-las. Não podemos menosprezar também o efeito de
outros fatores como o stresse, o sedentarismo e obesidade, a diabetes, os
antecedentes familiares de casos semelhantes, bem como, o uso de contracetivos
orais.
O
quadro clínico de enfarte desenvolve-se rapidamente e é geralmente
imprevisível, acrescido o facto de que os sintomas da doença coronária são
silenciosos. Especificamente, no enfarte a sintomatologia pode ser confundida
com o quadro sintomatológico da angina de peito, no entanto a grande diferença
é que na angina de peito a dor alivia com o repouso ou com medicamentos
vasodilatadores como por exemplo a nitroglicerina, bem conhecida das pessoas
com doença coronária. Também o fator desencadeante permite diferenciar as duas
patologias, enquanto a angina de peito ocorre normalmente após um período
intenso de esforço ou stresse o enfarte ocorre geralmente em repouso, sem fator
desencadeante aparente. Assim a dor é o
principal sintoma, no enfarte pode
demorar desde trinta minutos a várias horas a desaparecer, é de intensidade
variável: pode ser desde insuportável
até um leve formigueiro em ambos os braços; e não alivia com o repouso. Outros sinais de alarme a ter em conta
são a sensação de falta de ar (dispneia), sensação
de morte iminente, instabilidade na marcha, suor frio, pele pálida e
debilidade generalizada.
Se a sintomatologia que referi durar mais de
cinco minutos não hesite em ligar 112, irão aconselhá-lo e enviar o apoio
adequado caso seja necessário.
Apesar dos significativos
avanços científicos no tratamento da doença coronária, responsáveis por um
aumento da eficiência do tratamento e da qualidade de vida pós-reabilitação, o
melhor meio de a combater é a prevenção. Não podemos esquecer que as doenças do
coração podem ser fatais e o melhor remédio é prevenir. Essa prevenção passa
pelo controlo dos fatores de risco que referi anteriormente, tais como, o
excesso de colesterol no sangue, o consumo de tabaco, a obesidade, a
hipertensão arterial e, não menos importante, o sedentarismo e o stress.
Daniel Rodrigues
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