Fundador: Padre Domingos de Sousa - Director: Padre Jorge Carvalhal - Propriedade: Fábrica da Igreja de Canas de Senhorim

domingo, 23 de junho de 2013

Dos 2 Lados

 


Lado 1
Por vezes nem nos apercebemos das mudanças que a nossa terra sofre, as coisas boas e más que por cá se realizam. Por esse motivo coloquei esta pergunta a Canenses que vivem longe a que nos visitam regularmente: Estando longe e numa altura em que se aproximam as eleições como vê Canas de Senhorim quando a visita e o que gostaria que fosse feito para a melhorar?
Eis as respostas e fica o agradecimento;
Lado 2
José Gonçalo (Bruxelas) - Indiscutivelmente e mesmo que pretendêssemos que fosse maior, nos últimos anos houve um progresso na qualidade de vida dos Canenses. Progresso este que, na minha opinião, foi mesmo superior à média Nacional. Claro que falta fazer muito mais no entanto quando observamos a repartição orçamental da CMN rapidamente chegamos a conclusão que aquilo que foi feito ultrapassou em muito o montante destinado à Freguesia de Canas. Felizmente que existiram outras fontes sejam estatais ou privadas e sobretudo a vontade e o esforço de elementos da população que defenderam as suas associações e que lutaram e lutam para continuarem a fazer o seu trabalho e dar a Canas as mais-valias que são indiscutivelmente a ampliação do quartel dos Bombeiros, a aquisição ao de nova viatura, a ampliação do lar da terceira idade, a sede do Canto e Encanto, a requalificação da Urgeiriça, a abertura da biblioteca, as actividades desportivas, as actividades culturais nas quais a Fundação Lapa do Lobo se afirmou e que constitui hoje um dos marcos mais importantes neste sector. Estou mesmo tentado a dizer que se Canas se vai saindo mais ou menos bem isso se deve ao facto de há décadas estar habituada a ter que se financiar sozinha. A sua população sabe que terá que lutar muito e fazer esforços consideráveis para obter qualquer progresso. Quanto ao futuro que se avizinha sombrio desejaria que Canas continuasse a progredir, gostaria que Canas mantivesse por exemplo o seu posto de correios, que o GDR progredisse e para isso que os Canenses se desloquem mais ao estádio e apoiem a sua equipa, que as associações e nomeadamente as do Paço e Rossio continuem a oferecer-nos um magnifico Carnaval. Em resumo que se mantenham as coisas, em linguagem futebolística “nesta altura do campeonato o importante é não sofrer golos”.
Tino Ferreira (EUA)- Sinceramente nas minhas visitas a minha freguesia sinto que Canas esta no bom caminho, veem-se melhorias nas estradas e esta mais limpa. Sendo assim, esperar que a (famosa) crise desapareça e melhores oportunidades apareçam.
Américo Lopes Santos (Lisboa) - Por me deslocar duas ou três vezes ao ano á minha terra que é a Felgueira, não me permite ter uma opinião formada a cerca desse assunto, embora eu nesses dias me desloque sempre a Canas para distrair um pouco, afinal foi onde passei parte da minha juventude. Acontece que á coisa de um ano e pouco atrás ,uma familiar minha á muito tempo que não se sentia muito bem, e não conseguia uma consulta para ser vista pelo médico, desloquei me ao Centro De Saúde onde me informaram que para conseguir essa dita consulta deveria estar muito cedo junto á porta, na noite seguinte por volta das quatro da manhã desloquei me para lá, e por incrível que pareça já não era o primeiro, um Senhor que tinha á volta dos setenta anos já se encontrava por lá!!Acho isto desumano, é uma coisa a rever urgentemente.
Mário Mouraz (Burkina Faso) - Poucas ou nenhumas são as novas infraestruturas quando visito Canas; tampouco é isso que me preocupa verdadeiramente. O que me preocupa é a ausência de estratégias a longo-prazo que criem benefícios económicos e sociais. Concluo que tal se deva ou ao facto da actual Junta não ter capacidade (visão) nem dinheiro ou, os cidadãos por si não a exigirem. Certo é que só há mudança quando alguém a requer, e se Canas estagnou é porque os cidadãos estão acomodados. Tenho ouvido falar de grandes investimentos que nunca chegam, como da avenida que deveria ligar o cemitério à Boiça ou da criação de uma casa da cultura. Todos eles são com certeza relevantes mas está na hora de começar a investir em iniciativas sustentáveis e pensar no futuro, pois até agora a estratégia básica tem sido gastar de uma só vez, especialmente em ano de eleições, o pouco dinheiro que raramente chega ao bolso da Junta. São necessárias iniciativas para atrair novas indústrias para a região, e a promoção, educação e apoio ao empreendedorismo jovem. Bem sei que há talento em Canas, mas é pena que o deixem escapar. Vários são os jovens Canenses com formação superior, licenciatura e mestrados, que já partiram. Por que não negociar com os estudantes universitários o seu retorno após receberem formação universitária, apoiando os seus projectos empreendedores ou providenciando-lhes oportunidades de estágios em empresas locais? Se bem executado, estas iniciativas criarão uma sólida base económica que permitirá no futuro reforçar outros aspectos sociais que afectam Canas (como o envelhecimento da população), mas primeiro há que reduzir o desemprego e a emigração (ambos afectantes principalmente a jovens Canenses). Tal como a árvore só pode dar frutos depois de plantada e regada, também a nossa vila tem que investir em estratégias a longo-prazo para retirar benefícios futuros. Sendo um adepto da mudança, solicito aos nossos futuros líderes, a necessidade da Junta de envolver os cidadãos em iniciativas comuns, pois é um dever das duas partes, Junta e cidadãos, participar na mudança necessária. E respondendo finalmente à questão colocada; o que eu gostaria realmente de ver em Canas é a criação de uma Junta dinâmica, visionária, dedicada, inovadora, independente, um ambiente participativo que incite à discussão e criação de novas ideias e essencialmente a criação de acções (pois não nos basta só planear é preciso também executar). Se estivermos todos alinhados no mesmo trilho de progresso, Canas irá com certeza evoluir positivamente.

Michael Soeiro (Inglaterra) - Mesmo a cerca de 2300 kms de distância, estou sempre em contacto com o que se passa aí em Canas! De hoje em dia com as "ferramentas tecnológicas" que temos, é muito fácil saber das novidades, mesmo á distancia. Assim, aquando das minhas idas de férias, não noto sinceramente nada de especial em termos de mudanças ou evoluções. Mesmo se vivesse permanentemente aí, também não notaria nada, pois, nada foi feito! Em termos autárquicos penso que Canas de Senhorim merecia mais atenção em todos os aspectos. Pensei que com o fim do "reinado" do José Correia no conselho, que alguma coisa se alteraria, mas confesso pouco mudou. Mas já que pergunta o que desejaria e estamos na fase das rotundas, penso que outra poderia perfeitamente se encaixar no cruzamento, Hotel Urgeiriça/Via duto. Penso q seria muito benéfico para aquela zona em que reduziria a velocidade dos automóveis q por lá passam. Também se trata da primeira entrada vindo de Nelas, para a Vila. Abraço a todos os Canenses a também ao Jornal de Canas.

John Rosa (EUA) - Eu já estou ausente da minha terra por muitos anos. Mas isso não quer dizer que eu não sou Português ou Canense. Nunca ninguém me vai tirar isso de mim ou do meu coração. A minha família é de Canas de Senhorim e eu sou de Canas de Senhorim e para sempre o serei. Foi-me posta a pergunta se com as mudanças na minha terra, se as condições melhoraram ou ficaram na mesma. Eu fiz outra pergunta, “Ou se piorou?” Durante as minhas ultimas visitas, que já foram aqui á uns anos, eu vi algumas condições melhorarem, as estradas estavam melhor, mais espaços verdes, uma piscina para as pessoas da terra, um campo de futebol, e as coisas pareciam que estavam a ir para a frente. Mas há algumas mudanças que me poiem a pensar. Parece que Canas é como o resto do País, um paço para a frente e dois para trás. Dizem-me que os correios que iam fechar e o mais perto vai ser em Nelas. O quê? Nunca ouvi coisa tão ridícula! Onde é que está o progresso? A definição de progresso é: sm (lat progressu) Marcha ou movimento para diante. Melhoramento gradual das condições econômicas e culturais da humanidade, de uma nação ou comunidade: Incentivam o progresso dos países subdesenvolvidos. Filos Marcha numa direção definida. Filos Transformação gradual que vai do bom para o melhor. Crescimento, aumento, desenvolvimento: O progresso da indústria. Adiantamento, aperfeiçoamento ou melhoramento contínuos. Vantagem obtida; bom êxito. Eu sei que estou a olhar para a minha terra de longe, mas talvez seja por isso que eu vejo o que vejo. Por isso eu não estou cego ao falecimento da necessidade básica do povo Canense. Talvez pareça uma coisa menor perder uns correios mas temos que pensar nos idosos, nos deficientes, ou as pessoas que não têm possibilidade de ir a uns correios que estão a muitos quilómetros. O que é que passou aqueles que lutaram tanto por Canas á uns anos atrás? Perderam a luta? Perderam o interesse? O que é que passou com Canas a Concelho? Como tudo, foi uma fase, evidentemente a luta nunca foi. Alguns de vocês estão a pensar, “Quem é este a dar opiniões se já não vive cá ou não vem cá á tantos anos? Bem, opiniões são como cús, toda a gente tem um, e eu, tenho direito á minha!
Daniel Rodrigues (Lisboa) - Como canense temo que a minha opinião não seja isenta, mesmo «estando longe» o nosso coração ferve. Aproximando-se ou não o período eleitoral, Canas de Senhorim permanece ignorada ou subvalorizada pelo poder local, esta sina não é mais história recente já é história do passado e do presente, porventura, continuará a escrever-se no futuro. Vejamos que, ao nível das infraestruturas, só no calor das eleições vemos o betão ou o paralelo e.g. rotundas. Ao nível da cultura e do apoio social, não fossem as fortes instituições construídas e mantidas pelos canenses e estaríamos a uma distância considerável da modernidade (e.g. Lar Padre Domingos, Biblioteca José Adelino, Carnaval, Bombeiros Voluntários, etc.). Na saúde temos vindo a constatar o progressivo declínio das instituições e a ameaça de encerramento da nossa unidade de cuidados de saúde. No ambiente, proliferam os sinais de alarme e.g. Ribeira da Pantanha. É certo que nem tudo é negativo, por exemplo, o apoio da autarquia às associações canenses melhorou nos dois últimos mandatos, no entanto, continuo estupefacto com a constatação de que a mais poderosa rede social de associativismo do concelho e uma das mais poderosas do distrito continue a ser desvalorizada para que redes com menor potencial sejam sobrevalorizadas mas… talvez seja essa a verdadeira fonte de energia do associativismo canense e enquanto estas associações de canenses - pessoas dinâmicas e orgulhosas – existirem, Canas de Senhorim só precisa dos serviços mínimos camarários.
Manuel Alexandre Henriques (Lisboa) - Esta altura, infelizmente, vejo alguns problemas em Canas que a tornam pouco ou nada simpática aos visitantes. A obra da rotunda da “Estrada Nova” arrasta-se, aparentemente, por motivações eleitorais. O centro da vila continua descaracterizado por um empreendimento incompleto, que a atual conjuntura do imobiliário cristaliza. O outro ponto negro é a situação da ribeira da pantanha, uma questão ambiental (e criminal) infelizmente politizada ou desvalorizada pelos locais. Nas próximas eleições os canenses terão uma nova oportunidade de mudar o seu destino. O país está cheio de histórias de populações que tiveram coragem de cortar com ancestrais hábitos de clientelismo e “clubismo-partidário” para colocar gente jovem e dinâmica à frente das autarquias locais. Isto aplica-se tanto à Câmara Municipal como à Junta de Freguesia. Pouco interessa se o poder ficará com a cor politica rosa ou laranja. Interessa muito mais fazer uma mudança de protagonistas. A freguesia e o concelho contam entre os seus residentes uma boa fornada de gente jovem, com formação superior e experiência nas associações, que poderiam agarrar esta missão. Tenham eles coragem e os eleitores também.
©Fernando Neto
 

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