Lado 1
Por vezes nem nos apercebemos das mudanças que a nossa terra
sofre, as coisas boas e más que por cá se realizam. Por esse motivo coloquei
esta pergunta a Canenses que vivem longe a que nos visitam regularmente:
Estando longe e numa altura em que se aproximam as eleições como vê Canas de
Senhorim quando a visita e o que gostaria que fosse feito para a melhorar?
Eis as respostas e fica o agradecimento;
Lado 2
José Gonçalo (Bruxelas) - Indiscutivelmente e mesmo que
pretendêssemos que fosse maior, nos últimos anos houve um progresso na
qualidade de vida dos Canenses. Progresso este que, na minha opinião, foi mesmo
superior à média Nacional. Claro que falta fazer muito mais no entanto quando
observamos a repartição orçamental da CMN rapidamente chegamos a conclusão que
aquilo que foi feito ultrapassou em muito o montante destinado à Freguesia de
Canas. Felizmente que existiram outras fontes sejam estatais ou privadas e
sobretudo a vontade e o esforço de elementos da população que defenderam as
suas associações e que lutaram e lutam para continuarem a fazer o seu trabalho
e dar a Canas as mais-valias que são indiscutivelmente a ampliação do quartel
dos Bombeiros, a aquisição ao de nova viatura, a ampliação do lar da terceira
idade, a sede do Canto e Encanto, a requalificação da Urgeiriça, a abertura da
biblioteca, as actividades desportivas, as actividades culturais nas quais a
Fundação Lapa do Lobo se afirmou e que constitui hoje um dos marcos mais
importantes neste sector. Estou mesmo tentado a dizer que se Canas se vai
saindo mais ou menos bem isso se deve ao facto de há décadas estar habituada a
ter que se financiar sozinha. A sua população sabe que terá que lutar muito e
fazer esforços consideráveis para obter qualquer progresso. Quanto ao futuro
que se avizinha sombrio desejaria que Canas continuasse a progredir, gostaria
que Canas mantivesse por exemplo o seu posto de correios, que o GDR progredisse
e para isso que os Canenses se desloquem mais ao estádio e apoiem a sua equipa,
que as associações e nomeadamente as do Paço e Rossio continuem a oferecer-nos
um magnifico Carnaval. Em resumo que se mantenham as coisas, em linguagem futebolística
“nesta altura do campeonato o importante é não sofrer golos”.
Tino Ferreira (EUA)- Sinceramente nas minhas visitas a minha
freguesia sinto que Canas esta no bom caminho, veem-se melhorias nas estradas e
esta mais limpa. Sendo assim, esperar que a (famosa) crise desapareça e
melhores oportunidades apareçam.
Américo Lopes Santos (Lisboa) - Por me deslocar duas ou três vezes
ao ano á minha terra que é a Felgueira, não me permite ter uma opinião formada
a cerca desse assunto, embora eu nesses dias me desloque sempre a Canas para
distrair um pouco, afinal foi onde passei parte da minha juventude. Acontece
que á coisa de um ano e pouco atrás ,uma familiar minha á muito tempo que não
se sentia muito bem, e não conseguia uma consulta para ser vista pelo médico, desloquei
me ao Centro De Saúde onde me informaram que para conseguir essa dita consulta
deveria estar muito cedo junto á porta, na noite seguinte por volta das quatro
da manhã desloquei me para lá, e por incrível que pareça já não era o primeiro,
um Senhor que tinha á volta dos setenta anos já se encontrava por lá!!Acho isto
desumano, é uma coisa a rever urgentemente.
Mário Mouraz (Burkina Faso) - Poucas ou nenhumas são as novas
infraestruturas quando visito Canas; tampouco é isso que me preocupa
verdadeiramente. O que me preocupa é a ausência de estratégias a longo-prazo
que criem benefícios económicos e sociais. Concluo que tal se deva ou ao facto
da actual Junta não ter capacidade (visão) nem dinheiro ou, os cidadãos por si
não a exigirem. Certo é que só há mudança quando alguém a requer, e se Canas
estagnou é porque os cidadãos estão acomodados. Tenho ouvido falar de grandes
investimentos que nunca chegam, como da avenida que deveria ligar o cemitério à
Boiça ou da criação de uma casa da cultura. Todos eles são com certeza
relevantes mas está na hora de começar a investir em iniciativas sustentáveis e
pensar no futuro, pois até agora a estratégia básica tem sido gastar de uma só
vez, especialmente em ano de eleições, o pouco dinheiro que raramente chega ao
bolso da Junta. São necessárias iniciativas para atrair novas indústrias para a
região, e a promoção, educação e apoio ao empreendedorismo jovem. Bem sei que
há talento em Canas, mas é pena que o deixem escapar. Vários são os jovens
Canenses com formação superior, licenciatura e mestrados, que já partiram. Por
que não negociar com os estudantes universitários o seu retorno após receberem
formação universitária, apoiando os seus projectos empreendedores ou
providenciando-lhes oportunidades de estágios em empresas locais? Se bem
executado, estas iniciativas criarão uma sólida base económica que permitirá no
futuro reforçar outros aspectos sociais que afectam Canas (como o
envelhecimento da população), mas primeiro há que reduzir o desemprego e a
emigração (ambos afectantes principalmente a jovens Canenses). Tal como a
árvore só pode dar frutos depois de plantada e regada, também a nossa vila tem
que investir em estratégias a longo-prazo para retirar benefícios futuros. Sendo
um adepto da mudança, solicito aos nossos futuros líderes, a necessidade da
Junta de envolver os cidadãos em iniciativas comuns, pois é um dever das duas
partes, Junta e cidadãos, participar na mudança necessária. E respondendo
finalmente à questão colocada; o que eu gostaria realmente de ver em Canas é a
criação de uma Junta dinâmica, visionária, dedicada, inovadora, independente,
um ambiente participativo que incite à discussão e criação de novas ideias e
essencialmente a criação de acções (pois não nos basta só planear é preciso
também executar). Se estivermos todos alinhados no mesmo trilho de progresso,
Canas irá com certeza evoluir positivamente.
Michael Soeiro (Inglaterra) - Mesmo a cerca de 2300 kms de distância,
estou sempre em contacto com o que se passa aí em Canas! De hoje em dia com as
"ferramentas tecnológicas" que temos, é muito fácil saber das
novidades, mesmo á distancia. Assim, aquando das minhas idas de férias, não
noto sinceramente nada de especial em termos de mudanças ou evoluções. Mesmo se
vivesse permanentemente aí, também não notaria nada, pois, nada foi feito! Em
termos autárquicos penso que Canas de Senhorim merecia mais atenção em todos os
aspectos. Pensei que com o fim do "reinado" do José Correia no
conselho, que alguma coisa se alteraria, mas confesso pouco mudou. Mas já que
pergunta o que desejaria e estamos na fase das rotundas, penso que outra
poderia perfeitamente se encaixar no cruzamento, Hotel Urgeiriça/Via duto.
Penso q seria muito benéfico para aquela zona em que reduziria a velocidade dos
automóveis q por lá passam. Também se trata da primeira entrada vindo de Nelas,
para a Vila. Abraço a todos os Canenses a também ao Jornal de Canas.
John Rosa (EUA) - Eu já estou ausente da minha terra por muitos
anos. Mas isso não quer dizer que eu não sou Português ou Canense. Nunca
ninguém me vai tirar isso de mim ou do meu coração. A minha família é de Canas
de Senhorim e eu sou de Canas de Senhorim e para sempre o serei. Foi-me posta a
pergunta se com as mudanças na minha terra, se as condições melhoraram ou
ficaram na mesma. Eu fiz outra pergunta, “Ou se piorou?” Durante as minhas
ultimas visitas, que já foram aqui á uns anos, eu vi algumas condições
melhorarem, as estradas estavam melhor, mais espaços verdes, uma piscina para
as pessoas da terra, um campo de futebol, e as coisas pareciam que estavam a ir
para a frente. Mas há algumas mudanças que me poiem a pensar. Parece que Canas
é como o resto do País, um paço para a frente e dois para trás. Dizem-me que os
correios que iam fechar e o mais perto vai ser em Nelas. O quê? Nunca ouvi
coisa tão ridícula! Onde é que está o progresso? A definição de progresso é: sm
(lat progressu) Marcha ou movimento para diante. Melhoramento gradual das
condições econômicas e culturais da humanidade, de uma nação ou comunidade:
Incentivam o progresso dos países subdesenvolvidos. Filos Marcha numa direção
definida. Filos Transformação gradual que vai do bom para o melhor.
Crescimento, aumento, desenvolvimento: O progresso da indústria. Adiantamento,
aperfeiçoamento ou melhoramento contínuos. Vantagem obtida; bom êxito. Eu sei
que estou a olhar para a minha terra de longe, mas talvez seja por isso que eu
vejo o que vejo. Por isso eu não estou cego ao falecimento da necessidade básica
do povo Canense. Talvez pareça uma coisa menor perder uns correios mas temos
que pensar nos idosos, nos deficientes, ou as pessoas que não têm possibilidade
de ir a uns correios que estão a muitos quilómetros. O que é que passou aqueles
que lutaram tanto por Canas á uns anos atrás? Perderam a luta? Perderam o
interesse? O que é que passou com Canas a Concelho? Como tudo, foi uma fase,
evidentemente a luta nunca foi. Alguns de vocês estão a pensar, “Quem é este a
dar opiniões se já não vive cá ou não vem cá á tantos anos? Bem, opiniões são
como cús, toda a gente tem um, e eu, tenho direito á minha!
Daniel Rodrigues (Lisboa) - Como canense temo que a minha opinião
não seja isenta, mesmo «estando longe» o nosso coração ferve. Aproximando-se ou
não o período eleitoral, Canas de Senhorim permanece ignorada ou subvalorizada
pelo poder local, esta sina não é mais história recente já é história do
passado e do presente, porventura, continuará a escrever-se no futuro. Vejamos
que, ao nível das infraestruturas, só no calor das eleições vemos o betão ou o
paralelo e.g. rotundas. Ao nível da cultura e do apoio social, não fossem as
fortes instituições construídas e mantidas pelos canenses e estaríamos a uma
distância considerável da modernidade (e.g. Lar Padre Domingos, Biblioteca José
Adelino, Carnaval, Bombeiros Voluntários, etc.). Na saúde temos vindo a
constatar o progressivo declínio das instituições e a ameaça de encerramento da
nossa unidade de cuidados de saúde. No ambiente, proliferam os sinais de alarme
e.g. Ribeira da Pantanha. É certo que nem tudo é negativo, por exemplo, o apoio
da autarquia às associações canenses melhorou nos dois últimos mandatos, no
entanto, continuo estupefacto com a constatação de que a mais poderosa rede
social de associativismo do concelho e uma das mais poderosas do distrito
continue a ser desvalorizada para que redes com menor potencial sejam
sobrevalorizadas mas… talvez seja essa a verdadeira fonte de energia do
associativismo canense e enquanto estas associações de canenses - pessoas
dinâmicas e orgulhosas – existirem, Canas de Senhorim só precisa dos serviços
mínimos camarários.
Manuel Alexandre Henriques (Lisboa) - Esta altura, infelizmente,
vejo alguns problemas em Canas que a tornam pouco ou nada simpática aos
visitantes. A obra da rotunda da “Estrada Nova” arrasta-se, aparentemente, por
motivações eleitorais. O centro da vila continua descaracterizado por um
empreendimento incompleto, que a atual conjuntura do imobiliário cristaliza. O
outro ponto negro é a situação da ribeira da pantanha, uma questão ambiental (e
criminal) infelizmente politizada ou desvalorizada pelos locais. Nas próximas
eleições os canenses terão uma nova oportunidade de mudar o seu destino. O país
está cheio de histórias de populações que tiveram coragem de cortar com
ancestrais hábitos de clientelismo e “clubismo-partidário” para colocar gente
jovem e dinâmica à frente das autarquias locais. Isto aplica-se tanto à Câmara
Municipal como à Junta de Freguesia. Pouco interessa se o poder ficará com a
cor politica rosa ou laranja. Interessa muito mais fazer uma mudança de
protagonistas. A freguesia e o concelho contam entre os seus residentes uma boa
fornada de gente jovem, com formação superior e experiência nas associações,
que poderiam agarrar esta missão. Tenham eles coragem e os eleitores também.
©Fernando Neto
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