Fundador: Padre Domingos de Sousa - Director: Padre Jorge Carvalhal - Propriedade: Fábrica da Igreja de Canas de Senhorim

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Moção de censura – utilidade ou inutilidade?




Nos países que adotaram o sistema parlamentarista de governo, a moção de censura é uma proposta parlamentar apresentada pela oposição com o propósito de derrubar, ou pelo menos, constranger o governo. A moção é aprovada ou rejeitada por meio de votação no Parlamento.
Normalmente, quando o Parlamento vota a censura, ou quando não consegue aprovar uma moção de confiança, o governo é obrigado a renunciar ou a pedir a dissolução do Parlamento e a convocação de eleições gerais. Em certos países, dependendo da Constituição vigente, o Chefe de Estado, a quem o governo requer a dissolução do parlamento, pode deter a prerrogativa de recusar esse pedido, forçando o governo a renunciar.
Foi através de uma moção de censura que o governo de James Callaghan no Reino Unido foi demitido, levando à eleição de Margaret Thatcher no ano seguinte, em 1980.
Em Portugal a moção de censura é uma iniciativa parlamentar, é um dos instrumentos de controlo político do Governo à disposição da Assembleia da República, que incide sobre a execução do programa do Governo ou sobre assunto de relevante interesse nacional, podendo ser apresentada por qualquer partido político com assento na Assembleia da República. A aprovação de uma moção de censura, por maioria absoluta (equivalente ao mínimo de 116 Deputados), implica a demissão do Governo, segundo o artigo nº 194 da Constituição Portuguesa.
A recente apresentação da moção de censura por parte do PS integra um direito legítimo, de facto, mas o que podemos questionar é a pertinência desta moção de desconfiança na conjuntura económica e financeira atual. Porque caso fosse aprovada, isto significaria a convocação de eleições legislativas e o adiamento do cumprimento das nossas obrigações internacionais. Por outro lado, é caso também para questionar qual(is) as alternativa(s). Pois, se a acusação é a de falta de orientação e de rumo para o país, que se tem mostrado subserviente às diretivas europeias e aos compromissos com a troika, que propostas tem o PS? Não se recordará o seu líder da responsabilidade do seu partido neste estado de coisas a que chegou o nosso país?
Creio, pois, que enquanto não assumirmos responsabilidades pelos atos e continuar a grassar esta ambição de, a todo o custo, chegar ao poder, não chegaremos longe. Neste mês de abril, que é uma referência histórica do nosso país, é tempo de sublinhar a necessidade de seriedade, transparência e responsabilidade no modo português de exercer cargos políticos.
Concluindo, o povo português necessita e merece maior estabilidade. Está na hora da democracia portuguesa revelar maior maturidade e as suas instituições democráticas suscitarem a confiança dos cidadãos, deixando as questiúnculas políticas, reveladoras de imaturidade democrática.

Dores do Carmo Cerveira Fernandes 

Sem comentários: